Assunto
- #Private Equity
- #Investimento
- #Alocacao de Caixa
- #IRR
- #Investidor Individual
Criado: 2024-04-03
Criado: 2024-04-03 11:48
Nos últimos anos, o setor de tecnologia se tornou um verdadeiro buraco negro, absorvendo talentos de todas as áreas. No entanto, tradicionalmente, o setor financeiro sempre teve grande valorização por seus recursos humanos, e a possibilidade de profissionais talentosos alavancarem os ativos de outros para buscar grandes fortunas tornou-o um setor relativamente popular e competitivo.
Então, qual o caminho preferido pelos profissionais mais inteligentes e bem-sucedidos do setor financeiro? Obviamente, cada pessoa tem suas preferências, mas, em geral, o ponto de partida é o banco de investimento (Investment Bank). E qual o destino final? Isso varia um pouco de acordo com a classe de ativos. Se forem ativos líquidos, como ações negociadas em bolsa? O conhecido fundo de hedge? Claro que alguns podem ter o fundo de hedge como destino final, mas a vida nesse ramo é muito intensa e desafiadora, então, embora seja um ponto intermediário para muitos, poucos o consideram o destino final. Na maioria dos casos, o destino preferido é um fundo de pensão (Pension Fund), um fundo de dotação (Endowment Fund) ou um escritório de família (Family Office) que gerencia recursos próprios.
E no caso de ativos ilíquidos, como ações não listadas? Provavelmente, a maioria escolheria o private equity (Private Equity). Diferentemente dos ativos líquidos, que são negociados em bolsa de forma discreta (?), os ativos ilíquidos exigem um grande volume de capital aplicado de uma só vez, o que torna o processo muito mais complexo e requer maior sofisticação. Os profissionais do Private Equity, que atuam em equipes reduzidas, precisam ter inteligência e capacidade de trabalho árduo, o que é fundamental, além de contar com o apoio de diversos especialistas. Chamamos isso de due diligence (Due Diligence), onde escritórios de advocacia realizam a due diligence legal (LDD), auditorias realizam a due diligence financeira (FDD) e consultorias realizam a due diligence comercial (CDD).
Mas isso não é tudo. Para evitar que o acionista controlador dê um golpe por trás, algo comum no mercado acionário coreano (K-stock market), os contratos incluem uma série de cláusulas. A empresa também nomeia administradores independentes, e há cláusulas como "Se você vender suas ações, me venda as suas também (Tag-along)" ou "Quando eu vender minhas ações, venda as suas também (Drag-along)", e penalidades caso a oferta pública inicial (IPO), que é um importante meio de saída, seja evitada intencionalmente, para que eu compre suas ações (Put-option). Além disso, o acionista controlador não pode ter outras atividades e suas vendas de ações são restritas. A empresa também impede que os principais funcionários deixem seus cargos, etc. Há uma série de disposições complexas. Além disso, a rede de contatos dos principais executivos, os sócios, que lideram essas empresas de private equity, se estende a uma vasta gama de empresas de grande porte, tanto nacionais quanto internacionais.
Diante de tudo isso, parece que os investimentos do Private Equity devem ser bem-sucedidos. Afinal, são pessoas inteligentes e bem conectadas, que não medem esforços para investir e contam com a ajuda de especialistas. Mas nem sempre é assim.
Na realidade, a Homeplus da MBK Partners e a Hanssem da IMM PE, que são empresas de private equity representativas da Coreia, estão enfrentando situações bastante difíceis. Claro, esses são apenas exemplos, e há outros portfólios problemáticos. Será que isso só acontece na Coreia? As empresas globais de private equity como Blackstone, KKR e Carlyle não têm suas próprias histórias de fracasso? É claro que sim.
É natural que, mesmo os investidores mais talentosos, não consigam ter sucesso em todos os negócios. Mas, em alguns casos, é inevitável questionar o motivo da realização de determinada operação. Por que isso acontece? Acredito que a principal razão é que, quando os fundos de private equity se mostram ansiosos para usar o capital comprometido o mais rápido e em maior quantidade possível, a probabilidade de problemas aumenta. Ou seja, a pressa em utilizar os recursos do fundo que não foram alocados em investimentos (chamados de Dry Powder) pode levar a operações arriscadas.
Os fundos criados por private equity podem ser divididos em dois tipos principais: fundos com um objetivo de investimento definido (Project Fund) e fundos sem um objetivo definido (Blind Fund). Do ponto de vista do private equity, qual é a melhor opção? Obviamente, o Blind Fund. Isso porque, no caso do Project Fund, é necessário criar um novo fundo para cada operação e realizar vendas para captar recursos. Já para quem investe (LP), qual a melhor opção? Em geral, o Project Fund, pois permite ter acesso a informações sobre a operação. No entanto, se a gestora (GP) for confiável, pode ser mais conveniente simplesmente confiar e delegar no Blind Fund. Por isso, embora a classificação dos fundos de private equity seja geralmente baseada no AUM (Ativos sob Gestão) total, podemos avaliá-los apenas com base em 1) se há ou não um Blind Fund e 2) o tamanho do Blind Fund, sem grandes diferenças nos resultados.
O ponto crucial é que, tanto no Project quanto no Blind Fund, o critério para a gestora (GP) receber a remuneração por desempenho não é a taxa de retorno simples, mas sim a taxa interna de retorno (IRR), que é sensível ao valor do tempo. Portanto, para maximizar a IRR, o retorno do investimento deve ser o mais rápido possível. Mas para ter retorno, é preciso investir, não é mesmo? Assim, durante o período de gestão do fundo, a gestora precisa investir o máximo possível, no menor tempo possível.
Como a IRR, principal indicador de desempenho do private equity, depende da rápida recuperação do capital, em caso de aquisição da participação de controle (Buy-out), eles utilizam diversos métodos de retorno aos acionistas, como dividendos, recompra de ações ou reestruturação de capital (Recap). A fonte desses retornos aos acionistas é o fluxo de caixa, por isso eles consideram o EBITDA um indicador importante. Alguns entusiastas da Berkshire Hathaway ignoram completamente o EBITDA alegando que Charlie Munger o chamou de lixo, mas será que todos os profissionais de private equity são tolos ao usá-lo para avaliar o valor das empresas? Cada setor tem seus próprios aspectos relevantes, e a importância de cada indicador varia de acordo com o setor em questão.
Comparados com o private equity, que é um grupo de especialistas, os investidores individuais estão em desvantagem em quase todos os aspectos, como competência, rede de contatos e acesso a especialistas. Mas eles têm uma grande vantagem: investem seu próprio dinheiro e não precisam se esforçar para receber uma remuneração por desempenho. Ou seja, não precisam se preocupar em investir o máximo de dinheiro possível no menor tempo possível.
Na minha visão, a mentalidade ideal para um investidor individual é, em princípio, evitar operações de venda a descoberto (short), mas ter flexibilidade em relação à alocação de caixa. Em outras palavras, em alguns momentos, a alocação de caixa pode chegar a 40% ou 50%.
É claro que não estou dizendo para manter grandes quantias em caixa o tempo todo. Se não houver empresas atrativas ou se o ambiente for desfavorável, pode-se aumentar consideravelmente a alocação de caixa. Alguns investidores individuais se sentem incomodados com o aumento da alocação de caixa, considerando-o uma tentativa de escolher o momento certo do mercado. No entanto, estabelecer critérios rígidos para a alocação de caixa é renunciar à maior vantagem que os investidores individuais têm. Em um ambiente já difícil, em vez de compensar as fraquezas, não devemos perder nossas forças.
Comentários0